dc.description.abstract | As espécies do gênero Cannabis estão entre as plantas mais antigas. Já em
meados do século XIX havia estudos das propriedades medicinais já praticadas,
mas o clímax das pesquisas inicia na segunda metade do século XX. Na década de
90 são descobertos os receptores CB1 e CB2 e com isso o sistema
endocanabinoide, identificando-se os potenciais terapêuticos desta planta. A
paciente deste estudo é do sexo feminino, possui 27 anos, sofreu um traumatismo
cranioencefálico grave (TCE) há 10 anos. Possui espasticidade generalizada no lado
direito, apresentando entre 40 e 50 crises de espasmo por dia, bem como déficit
cognitvo, aumento de tônus e rigidez. Assim, nosso objetivo foi avaliar os efeitos
terapêuticos de um extrato de Cannabis sobre essa condição clínica. As avaliações
clínicas foram realizadas nos dias 0, 7, 14, 45, 75, 105, 135 e 165 após inicio do
tratamento. As crises de espasmos foram avaliadas durante 15 dias antes do
tratamento e 15 dias após o início do tratamento. A dose inicial recebida pela
paciente foi de cerca de 170 μg de tetrahidrocanabinol (THC) e 28 μg de canabidiol
(CBD), caindo para 52 μg de THC e 7 μg de CBD ao final do tratamento. O
tratamento reduziu o número de espasmos, tônus muscular, hiperreflexia e rigidez.
Além disso, este tratamento melhorou sua cognição, memória de curto prazo, fala,
senso de humor, sono e qualidade de vida globalmente. Este estudo mostra pela
primeira vez que uma dose muito baixa de THC / CBD, na ordem de microgramas,
apresentou efeito terapêutico em humanos. Além disso, a proporção 6:1 entre THC e
CBD deste tratamento é um dado novo e interessante para apoiar novas pesquisas,
incluindo canabinóides e síndrome espástica | pt_BR |