O capital e a crítica ontológica
Resumo
O objetivo deste trabalho é defender a hipótese de que o procedimento
de análise adotado em O Capital pode ser descrito pelo que o pensador
húngaro György Lukács chama de crítica ontológica. Como a crítica
ontológica se caracteriza por colocar como momento prioritário
não a crítica de distorções ou incorreções lógico-gnosiológicas de
uma teoria, mas a crítica das bases ontológicas dessas distorções, tal
procedimento crítico só se justifi ca se forem identifi cados mecanismos
reais que gerem essas distorções. Portanto, para cumprir o objetivo
principal de provar a primazia da crítica ontológica em O Capital, é
necessário cumprir o objetivo secundário de demonstrar que nessa
obra é afi rmada a existência de um mecanismo social que gera
distorções nas teorias, mecanismo que Marx chama de fetichismo. Em
síntese, neste trabalho defendemos que, ao afi rmar-se a existência do
fetichismo, uma exigência é um procedimento analítico que leve em
consideração essa característica. Esse procedimento é chamado por
Lukács de crítica ontológica, e está presente em O Capital