Escola sobre a linha internacional: ambiente ecolar sociocultural na região da fronteira sul de Mato Grosso do Sul
Resumo
Este trabalho buscou estudar o ambiente sociocultural escolar, na região da fronteira sul de Mato Grosso do Sul, entre Brasil e Paraguai, tomando como ponto de partida uma escola pública rural na cidade de Aral Moreira/MS, onde podemos encontrar um
espaço escolar socioculturalmente complexo, heterogêneo, multiétnico e plurilinguístico, marcado por encontros ou desencontros culturais, verificados nas relações interétnicas de crianças indígenas e não-indígenas, brasileiras e paraguaias, filhos de
produtores rurais, assentados e indígenas desaldeados, falantes das línguas português, e/ou guarani. O objetivo central do trabalho foi verificar se há manifestações de inferiorização étnica, cultural e linguística em relação aos alunos indígenas no ambiente escolar, culminando com a negação da sua língua, cultura e identidade. A pesquisa foi realizada por meio de observações em sala de aulas e entrevistas semiestruturas com professores, pais e alunos indígenas, tanto no
ambiente escolar como nos espaços de ocupação indígena, na faixa internacional de fronteira Brasil/Paraguai. Ao focar especialmente os professores não indígenas e os alunos indígenas no espaço escolar, estes em seu meio familiar, foram verificadas situações de inferiorização da língua, da cultura e da identidade indígena por parte de todos os sujeitos desse espaço, culminando com a negação de identidade, da língua e da cultura indígena/Guarani, que ao considerarem a supervalorização da cultura e língua não-indígena, negam o valor das outras manifestações étnicas, culturais e linguísticas presente nesse complexo ambiente escolar. Percebemos que a escola fortalece a negação linguística ao utilizar exclusivamente a língua não-indígena para a formação escolar, e, ao não estar preparada para reconhecer as diferenças consistente desse meio sociocultural, plurilinguístico, multiétnico, especialmente no que respeita aos estudantes indígenas em ambiente escolar não-indígena nessa região de fronteira. O texto buscou, na reflexão sobre língua, cultura e identidade, considerando as particularidades do espaço fronteiriço, discutir questões de diferenças e igualdades, de aceitação do outro e tolerância em relação as diversidades plurais presentes nesse meio sociocultural. Concluímos que a dificuldade de coexistência cultural acaba por promover ou permitir diversas manifestações de preconceitos em relação às línguas, as etnias e as condições sociais, da coletividade e do indivíduo, promovendo a negação da própria identidade indígena. Foram percebidos tratamentos inferiorizantes, discriminatórios e invizibilizantes que permeiam com naturalidade o ambiente escolar. Ko tembiapo ojeporeka oikuaa temimbo’e oikoha mbo’eroype, jeikoha fronteira sul de Mato
Grosso do Sul, mokõi tetã guasu Brasil ha Paraguai, ojeporavo peteῖ mbo’eroy oῖva mbairy
tetãme Aral Moreira/MS pe, jatopa upepe heta teko/jeiko ambue ijetu’uva, jeikuaa porã’y᷉,
mokoῖ reko ha ñe’ӗ heta, ojotopa paite mbo’eroype mitã heko ambueva, ava, karai ha
paraguaias, oñotyhã petei temity ra’y, oikova tape koratare oha’arõva yvy ha ava
oḡuahӗseva ijyvype, õne’ӗva karai ñe’ӗme ha ava ñe’ӗme. Ko tembiapo Jehupytyrã há’e
oho ohecha oῖpa teko ñemomichῖ ava rehe jeiko mbo’eroy rupi, upecha jehecha haḡua
mba’eíchapa ñemboguese heko ha iñe’ӗ kuéra. Ko Jeporeka ojejapo ñemaña temimbo’e
jeikuaa rendape, ñemongueta mbo’ehara ndive, tua kuéra ndive ha ava temimbo’e ndive,
ko ñemongueta ndopytaí mbo’eroypente jeho ave ava oime hape. Ñemaña ave mbo’ehara
karaire ha temimbo’e avare jeikuaaha rendape, oikohape ijere rehegua ndive, upeícha
ojetopa/ojehecha oñemomichῖha ava ñe’ӗ, ava reko ha ava jehecha enterõ oῖva upepe,
upecha ndohejai hape heko kuéra oῖva upe temimbo’e kuéra pa’ũguepe. Rohecha mbo’eroy
ndohejai ava ñe’ӗ imbarete ha ipytu’u, upe rupi nombohapei arandu hekoitepe, omoisente
karai arandu ichupe kuéra. Ko jehai pyre ogueru jehesa mondo ñe’ӗ rehe, teko ha
jehechapyre, ohechauka fronteira reko, upe rupive ohechauka tape ñemongueta, ikatu
haḡuaícha jegueru umi teko mbo’ehara mba’apope. Rombogue tembiapo rohechauka
hyapu hatã haḡua teko tekotevӗ ohasa ae’ÿ rupi, upecha oῖha ñemongu’e mbo’eroype
oguerokirirῖ heko. Ojehecha ave opacha ojeguerekoha umi orekova teko ete ijehe/hendive,
mbeguepe omboguese ichugui kuéra umiva