O discurso feminista de Beatriz Cienfuegos em "La Pensadora Gaditana"
Resumo
"La Pensadora Gaditana" (1768), periódico organizado por Beatriz Cienfuegos, ocupa um lugar
central na construção de discursos críticos sobre a mulher na Espanha, sobretudo, por ser a primeira
publicação do gênero e a primeira a apresentar uma tendência feminista (MARRADES,1978).
Diante dos atrozes discursos sobre a inferioridade feminina no séc. XVIII, a autora toma a palavra
para si e reivindica, através de seus textos, uma imediata revalorização da mulher. A altiva e
enérgica voz de Beatriz Cienfuegos evidencia um expressivo desejo de revelar à sociedade
patriarcal da época o potencial de uma mulher pensadora, ilustrada. Avessa à hipocrisia e aos maus
costumes, Cienfuegos impôsse, então, como aquela capaz de criticar e ridicularizar, através de um
discurso simples, prudente e burlesco, os diversos vícios que corrompiam o homem, o que
transforma "La Pensadora Gaditana" em um importante instrumento de denúncia social.
Apresentaremos algumas regularidades do discurso feminista da autora, atribuindo especial atenção
aos pensamentos que versam sobre a educação feminina. E, por compreendermos os meios de
comunicação como fontes de criação e reprodução de imaginários sociodiscursivos, consideraremos
os estudos críticos de Bakhtin (1995; 2006), que tratam da enunciação e da polifonia, e os de
Maffesoli (2001) sobre a natureza essencialmente coletiva, social e histórica do imaginário