O Tekoa Sonhado

Abstract

“O tekoa sonhado” reúne expectativas da comunidade Guarani do Tekoa Arandu Vera para o território identificado como Terra Indígena Mato Preto (RS). O espaço compreende uma antiga aldeia, Tekoa Ka’atÿ, da qual famílias Guarani foram expulsas pelo Estado para a implantação de um projeto de colonização rural. Desde então, o território vem sendo habitado por famílias de agricultores. Os antigos moradores da aldeia e seus descendentes, que desde então coabitavam em área Kaingang na Terra Indígena Cacique Doble (RS), iniciaram um processo de retomada a partir de 2003 em busca de liberdade, da possibilidade de viver de acordo com sua organização interna e dentro do modo de vida Guarani. A comunidade que passou anos em situação de acampamento e hoje vive em área adjacente à ocupação inicial, às margens da RS 135, tem suas práticas culturais limitadas devido a área ínfima que habita e a escassez de recursos naturais. Nesse sentido, ao apresentar a estrutura atual da aldeia em contraposição ao que a comunidade sonha para a área, essa diferença evidencia dois pontos principais que a pesquisa relata. Um deles é a questão fundiária e a urgência de demarcação do território como forma de garantir uma porção de terra tradicional e consequentemente seu direito de se diferenciar culturalmente, bem como garantir sua sobrevivência física. Outro ponto, que vai de encontro também com a fala de diversas lideranças indígenas, aponta para a necessidade de políticas públicas específicas para as comunidades a fim de que sejam considerados os aspectos culturais. Do ponto de vista da arquitetura trago alguns exemplos com o intuito de que possam contribuir em relação aos processos participativos de projeto.