Mulheres e contrabando: uma análise da participação feminica no transporte de mercadorias na Tríplice Fronteira (BR-PY-AR)
Resumo
Este artigo apresenta uma análise do trabalho de mulheres envolvidas no transporte ilegal de
mercadorias na Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina no final dos anos 1990 e na
primeira década do século XXI. Por meio de dados coletados em entrevistas semiestruturadas,
analisa-se as relações sociais entre laranjas na região trinacional. O objetivo da pesquisa, ainda em
andamento, é identificar a existência de possíveis comportamentos comuns entre estas trabalhadoras
brasileiras e a população que vive do contrabando de mercadorias em outras regiões de fronteira da
América Latina e da Europa — especificamente aquelas existentes entre México e EUA e entre
Portugal e Espanha. Com base nas análises parciais, sustenta-se que estas relações estão baseadas na
solidariedade, confiança e em noções próprias de legalidade e ilegalidade. Com este fim, utiliza-se
um referencial teórico composto por Lopes et al (2001), Sandoval (2012) e Godinho (2009), para
discutir as relações sociais para entrada e permanência na atividade, sobre o que representa o
contrabando na vida das entrevistadas e a confiança como base do trabalho fronteiriço. Parte-se
ainda de Gupta (2015), com o objetivo de discutir a corrupção dos agentes do Estado; Rovisco
(2009), para definir o termo contrabando e, juntamente com Godinho, contextualizar a ligação deste
com as fronteiras e a noção de perenidade da atividade por parte dos que dela viviam. A eles se
juntam Bartolomé (2006) e Carou (2001), para apontar, ainda que resumidamente, o que são
fronteiras sob o ponto de vista antropológico e geográfico