'O lugar escuro': o mal de alzheimer sob as óticas literária e jurídica
Visualizar/ Abrir
Data
2017-10Autor
Heidemann, Samuelli Cristine Fernandes
Silva, Regina Coeli Machado e
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O artigo objetiva um exercício de reflexão sobre o processo de interdição
de pessoas com o mal de Alzheimer propiciado por aproximações de duas
perspectivas diferentes: a narrativa literária e o discurso jurídico. Para a primeira
perspectiva utilizaremos a obra ―O Lugar Escuro‖, da escritora Heloisa Seixas,
centrada no tema da doença de Alzheimer. O processo senil narrado é evidenciado
em sua faceta dolorosa que aflige tanto o personagem - pela degradante perda da
autonomia – quanto os familiares. O romance é caracterizado como autobiográfico,
mantendo seu apelo ficcional. Para a segunda, analisaremos a jurisprudência para
detalhar o processo de interdição de pessoas com o mal de Alzheimer e
exploraremos os recursos do Judiciário que se utiliza de documentos extrajurídicos
para fundamentar-se. Um exemplo é a emissão de laudos médicos como condição a
ensejar a interdição das pessoas portadoras da doença, atestando-as incapazes
pela perda da capacidade civil. A aproximação permitirá ver como a construção
dessa doença nas duas perspectivas tem como eixo o significado da senilidade
como ausência de autonomia e de capacidade no contexto brasileiro recente. The article aims at an exercise of reflection on the process of banning people with Alzheimer 's disease brought about by approaches from two different perspectives: literary narrative and legal discourse. For the first perspective we will use the work "The Dark Place", by the writer Heloisa Seixas, focused on the theme of Alzheimer's disease. The senile process narrated is evidenced in its painful facet that afflicts both the character - by the degrading loss of autonomy - and the relatives. The novel is characterized as autobiographical, retaining its fictional appeal. For the second, we will look at case law to detail the process of banning people with Alzheimer's disease, and we will explore the resources of the Judiciary that uses extrajudicial documents to substantiate. An example is the issuance of medical reports as a condition to induce the interdiction of people carrying the disease, attesting them incapable of loss of civilian capacity. The approach will allow us to see how the construction of this disease in both perspectives has as its axis the meaning of senility as absence of autonomy and capacity in the recent Brazilian context